Opinião

Adesivo ‘fogo nos racistas’ gera confusão histórica na Câmara de Porto Alegre

Por Roberto Silva

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Adesivo ‘fogo nos racistas’ gera confusão histórica na Câmara de Porto Alegre
O que deveria ser apenas uma visita acadêmica terminou em crise política e policial na Câmara de Vereadores de Porto Alegre nesta sexta-feira (3). A confusão começou quando uma professora da UFRGS, acompanhando alunos da Faculdade de Educação, colou um adesivo com os dizeres “fogo nos racistas” em uma parede próxima ao gabinete da presidente da Casa, Comandante Nádia (PL).

Ao ser informada, Nádia classificou o ato como uma ameaça direta à sua integridade, acionou a Brigada Militar e a Guarda Municipal. A professora assumiu a autoria e foi enquadrada em injúria, com registro de termo circunstanciado. Os estudantes também foram conduzidos, e um deles chegou a passar mal durante a abordagem.

A reação da vereadora provocou reação imediata da oposição. Grazi Oliveira (PSOL) acolheu os alunos em seu gabinete e afirmou que houve “autoritarismo e desproporção” na resposta da presidente da Câmara. Para Grazi, a interpretação de ameaça de morte é equivocada:

“Se ela se sentiu ameaçada, é porque se autoidentificou como racista. O adesivo nunca foi feito nesse contexto literal”, disse.

Em nota oficial, Comandante Nádia afirmou que o adesivo foi colado sobre sua imagem pessoal, tornando-se um gesto de incitação à violência e ao ódio contra autoridade pública. Declarou ainda que o ato “atenta contra a democracia e o Estado de Direito”.

O episódio já repercute dentro e fora da Câmara, levantando um debate delicado: até onde vai a liberdade de expressão em manifestações contra o racismo? E quando esse limite se cruza com a segurança e a honra de autoridades públicas?

A UFRGS confirmou a detenção da professora e dos alunos, informou que a visita fazia parte de atividade curricular e disse que o acompanhamento jurídico já foi garantido. Todos foram liberados.

O caso promete acirrar ainda mais a polarização política em Porto Alegre, colocando o Legislativo municipal no centro de um embate entre liberdade acadêmica, manifestações antirracistas e a autoridade institucional.

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