O almoço “cordial” entre MDB e PDT, nesta terça-feira (7), virou mais um capítulo da tentativa do vice-governador Gabriel Souza (MDB) de dar sobrevida à base governista de Eduardo Leite (PSD) para 2026. O discurso foi o de sempre — união, respeito, continuidade —, mas a prática mostra outro cenário: o MDB fala sozinho.
Enquanto Vilmar Zanchin tenta emplacar a narrativa de que o PP está alinhado e que a base voltará a se reunir em torno de Gabriel, as falas recentes de Covatti Filho e outras lideranças progressistas dizem exatamente o oposto. Covatti mantém sua pré-candidatura própria e mantém diálogo aberto com o PL de Luciano Zucco, que segue crescendo e atraindo o campo da direita.
A suposta “frente ampla” de Gabriel é, na prática, uma colcha de retalhos. O PDT está dividido e desconfia do governo; o PP não se decide entre seguir com o MDB, lançar nome próprio ou se unir a Zucco; e o PSD foca nas movimentações nacionais de Eduardo Leite.
E há um ponto que o MDB parece convenientemente esquecer: no interior do Rio Grande do Sul, MDB e PP são inimigos históricos. As duas siglas se enfrentam há décadas em praticamente todas as cidades — muitas vezes em disputas duras e personalizadas, com rivalidades que atravessam famílias, sindicatos e câmaras municipais. Imaginar prefeitos e lideranças locais dos dois partidos dividindo o mesmo palanque é, no mínimo, uma piada política.
Enquanto Gabriel tenta cozinhar alianças em fogo brando, Luciano Zucco (PL) avança com disciplina, coesão e narrativa definida, articulando com PP, Republicanos e Novo — e falando a língua do eleitor conservador e do interior.
MDB tenta vender unidade, mas PP resiste: aliança soa forçada e ignora rivalidade histórica no interior gaúcho
Por Roberto Silva
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