A crise política em Cachoeirinha (RS) ganhou novos contornos nesta terça-feira (21) com a abertura do processo de impeachment do prefeito Cristian Wasem Rosa (MDB) e do vice João Paulo Martins (PP). A Câmara de Vereadores aprovou, por 13 votos a 4, o início das investigações sobre suposto abuso de poder político e econômico durante as eleições municipais de 2024.

A denúncia, apresentada pelo suplente Valdemir de Almeida (PL), conhecido como “Xereta”, aponta duas frentes de supostas irregularidades. A primeira envolve a distribuição de 14,6 mil pares de tênis a alunos da rede municipal poucos dias antes do pleito, com custo aproximado de R$ 1 milhão. A segunda acusa o Executivo de destinar R$ 2,75 milhões de forma irregular durante as enchentes de maio de 2024, beneficiando aliados e empresas em meio ao caos.

Fontes próximas ao Legislativo afirmam que a movimentação ocorre em meio a uma disputa de poder intensa entre MDB, PP e PL no município. O caso é visto como um teste de resistência para a base governista, que tenta evitar o avanço do processo. Nos bastidores, vereadores relatam pressões e tentativas de articulação política para barrar a cassação.

A comissão processante será formada por sorteio e terá 90 dias para apurar as denúncias e ouvir a defesa. Para que o impeachment seja aprovado, serão necessários dois terços dos votos da Câmara — um desafio político considerável em um cenário fragmentado e cada vez mais tenso.

Enquanto isso, prefeito e vice seguem no cargo, mas enfrentam desgaste público e risco de perda de mandato, caso as suspeitas se confirmem. A acusação de uso eleitoral de recursos durante uma tragédia climática coloca o caso entre os mais graves da história política recente do município.